Imaginado nos anos 40, projetado e construído nos anos
70 e 80 e em funcionamento desde 1990, o Telescópio Espacial "Hubble" está revolucionando
a Astronomia, representando nos dias de hoje aquilo que a luneta de Galileo representou no
século XVII. O Observatório Astronômico da Serra da Piedade vem acompanhando o trabalho do
"Hubble" e nos primeiro sábados de cada mês, dia em que o observatório é aberto ao público,
vem sistematicamente apresentando as mais significativas descobertas do "Hubble" no mês
anterior.
Astronomia e Matemática são as mais antigas das ciências
e foram fundamentais na formação e no desenvolvimento das civilizações. Foi observando a
repetitividade das posições das estrelas no céu, por exemplo, que as mais antigas civilizações
descobriram as épocas certas para efetuarem as plantações necessárias às suas manutenções.
Na antiguidade o conhecimento astronômico evoluiu de forma a muitas vezes surpreender o
estudioso contemporâneo. Em 273 antes de Cristo, por exemplo, um grego de nome Erastóstenes,
com base em conhecimentos astronômicos, não apenas sabia que a Terra é esférica como foi capaz
de medir a sua circunferência e errou muito pouco nessa medida. Erastóstenes mediu 39.690 km,
enquanto hoje sabemos ser esse 40.057 km.
Nunca, entretanto, a Astronomia havia
evoluído tanto
em tão pouco tempo, quando do advento da luneta de Galileo. Lentes para ajudar idosos ou
jovens com problemas nas vistas em suas leituras já eram conhecidas na Europa desde o século
XIII. A primeira combinação de lentes em um instrumento "tipo telescópio" foi feita na
Holanda, em 1608, destinada à melhor observação de óperas. No ano seguinte Galileo Galilei
tendo tomado conhecimento desse invento, modificou-o, tendo para isso de construir ele
próprio as suas lentes. Estava assim inventada a sua famosa luneta. Com ela, imediatamente,
Galileo descobriu que a Lua tinha montanhas, vales e crateras; que o Sol tinha manchas;
que Vênus tinha fases como a Lua; etc. Foi com base em suas descobertas com a sua Luneta que
Galileo pode afirmar que os planetas giravam em torno do Sol e não em torno da
Terra.
A grande importância do Telescópio
Espacial Hubble (nome dado em homenagem ao astrônomo norte-americano Edwin Powell Hubble que
viveu de 1889 a 1953) está no fato de ele estar colocado no espaço, fora da atmosfera da Terra.
A luz dos astros para chegar a ele não precisa passar por nossa atmosfera. Toda informação que
obtemos de um astro está na luz que vem deles. A atmosfera sempre "some" com parte dessa
informação e é por isso que os observatórios astronômicos profissionais sempre são construídos
em locais bem altos. Mesmo assim um telescópio "de solo" somente conseguirá
momentaneamente uma
resolução de imagem superior a 1,0 segundo de arco, isso em condições atmosféricas extremamente
adequadas à observação. Com essa resolução somos capazes de ver uma bola de futebol a 51,5 km de
distância. A resolução do Hubble é cerca de 10 vezes melhor, ou seja, de 0,1 segundo de arco.
Com essa resolução e com a
ajuda de técnicas de reduções fotográficas feitas
por computador, podemos distinguir separadamente objetos suficientemente
brilhantes a até menos de dois metros de distância um do outro, como os dois
faróis de um carro que estivesse na Lua.
A "potência" de um telescópio está na
quantidade de luz que ele pode receber instantaneamente de um objeto. Quanto maior o diâmetro de
um telescópio, maior a sua "potência". O Hubble é um telescópio refletor (seu elemento óptico
principal é um espelho) com 2,40 metros de diâmetro. Se fosse um telescópio de solo ele seria
considerado de porte médio. (Os 2 maiores telescópios do mundo estão no observatório de Mauna
Kea no Havaí e têm 10 metros de diâmetro cada. Existem 28 telescópios maiores que o Hubble,
espalhados pelo mundo, em funcionamento.) Mais que um telescópio, o Hubble é um verdadeiro
observatório espacial, contendo instrumentação necessária a vários tipos de observação.
(Contém 3 câmeras, 1 detector astrométrico e 2 espectrógrafos). Além de fotografar os objetos
e medir com grande precisão suas posições, o Hubble é capaz de "dissecar" em detalhes a luz que
vem deles. O Hubble está em uma órbita baixa, a 600 km da superfície da Terra e gasta apenas 95
minutos para dar uma volta completa em torno de nosso planeta. A energia necessária para o seu
funcionamento é coletada por 2 painéis solares de 2,4 x 12,1 metros cada. A sua massa é de
11.600 kg.
Colocado em órbita em abril/90, logo
em seguida foi detetado um grave defeito em sua óptica. O Hubble não era capaz de focar os
objetos, principalmente os mais fracos, com a precisão planejada e desejada. Esse defeito foi
"diagnosticado" como aberração esférica; uma distorção óptica causada por uma forma incorreta
de seu espelho principal. Perto das bordas a curvatura desse espelho estava menor que deveria
por uma quantidade cerca de 1/50 da espessura de um fio de cabelo humano. Trocar o espelho
seria algo caro e difícil. A solução adotada foi a de projetar uma óptica corretiva para seus
instrumentos. Essa óptica foi instalada com grande sucesso em dezembro/93.
Os objetivos do Hubble podem ser
resumidos como sendo: Investigar corpos celestes pelo estudo de suas composições, características
físicas e dinâmica; Observar a estrutura de estrelas e galáxias e estudar suas formação e
evolução; Estudar a história e evolução do universo. Para atingir seus objetivos a pesquisa do
Hubble é dividida em Galáxias e Aglomerados; Meio Interestelar; Quasares e Núcleos Ativos de
Galáxias; Astrofísica Estelar; Populações Estelares e Sistema Solar.
acesso em 08\04\2014. http://www.observatorio.ufmg.br/hubble.htm
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